Para não dizerem que deixei de falar em flores
Uma viola sempre no
colo, sentado naquela varanda. O velho não tocava mais, sendo
ridicularizado por quem já há alguns anos passava em frente sua
casa observando sempre a mesma cena. A morada está situada em uma
esquina de um beco, sempre com muitas plantas regadas por sua senhora
entoando músicas a capela. Agora a varanda está vazia, faleceu
aquele senhor solitário por um mal súbito em sua cadeira de
balanço. Sua senhora já não canta mais e pouco sai de dentro da
casa. As flores começaram a morrer pela falta de atenção as suas
necessidades.
Hoje todos se perguntam
ainda o motivo daquele senhor nunca mais ter tocado a viola, mas
tê-la em punho durante todo tempo. Também ficam arrazoando sobre a
senhora que não entoa mais suas melodias. Engraçado, mas nunca
ninguém teve a audácia de perguntar, conversar e trocar um dedo de
proza sobre qualquer assunto, inclusive a tal curiosidade.
Em tempos de infinitas
amizades virtuais, parece que estamos cada vez mais sozinhos. O bom
velhinho com sua viola. Nós com nossos celulares.
Anderson Caum
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