Como dito ontem, segue texto na íntegra de Adenilza Maria de Sousa Caum, que conta sua vida em alguns caracteres.

A MENINA QUE SABIA VOAR


O que vejo à minha frente? Passado, futuro ou presente?
Não tenho respostas. Mas aquela magrela com tranças, vestido de algodão, chinelo de dedo estava ali comigo, no meu lugar preferido, um morro solitário, bem longe de casas e pessoas.
Foi ali que por muitas vezes tentei voar. Disseram-me que não poderia, pois desde que nasci, vigor de vida não tinha.
O que sobrava então?
Voar em fantasias, a fim de conhecer lugares em que meus pés nunca chegariam?
Estranho, mesmo ouvindo que muito longe eu não iria, minha mente persistia em percorrer tantos caminhos, conhecer tanta gente, passar por afetos e desafetos, frustrações e realizações?
Não seria isso retrato de uma vida, ou apenas sonhei que vivi?
Mas me falaram que logo morreria.
A magrela se aproxima. Meu Deus, o que é isso?
Ela...Ela sou eu! Mas quem é real aqui?
A menina de tranças, que sonha com a vida trinta anos depois, ou...
Seu sorriso para meus pensamentos e posso dizer que ouço sua voz:
-Eu sou você. Vim para apenas dizer: Sempre falavam que pouco viveria, não acreditei, pois sabia, o controle da vida não estava em palavras de homens, mas pertence a Deus, e era com Ele que conversava quando estava aqui.
Veja! Você sou eu trinta anos depois, confirmando que estava certa.

Precisa saber, mesmo sem perceber, você aprendeu a voar.

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