Dias assim, sinto saudades...
Era apenas um menino de
vinte anos. Certa vez, isso há quinze anos, estava trabalhando no
gráfico de um produto, utilizando um programa de computador bastante
conhecido. Na gráfica onde realizava o trabalho, podia-se do balcão
observar todo exercício realizado na sala de computadores por uma
vidraça.
O menino que encantado
olhava minha tarefa, pediu para falar, o qual atendi prontamente.
Acabara de chegar do interior com seus pais com dezesseis anos, mas
coragem para fazer um pedido inusitado.
- Não quero ganhar
nada. Gostaria apenas de aprender a trabalhar nesse programa.
Não era o dono da
gráfica, mas disse assim mesmo que poderia passar as manhãs comigo,
enquanto quisesse.
Ficamos amigos. Adam
tinha uma admiração especial em me ouvir e aprender, algo que foi
rápido. Consegui um emprego para o garoto em pouco tempo, em outra
gráfica de outro amigo.
O contato era
permanente, pois sempre tinha algumas dúvidas em seu trabalho e
ligava quando precisava.
Passou o tempo, fui
fazer outras coisas que acabaram não dando muito certo. Estava
parado precisando de ocupação, algo que com a crise, conseguia
apenas algumas pequenas coisas para fazer em minha casa. Mas não
Adam. Ele estava bem empregado em um grande jornal impresso, pois na
época gostou tanto do trabalho que foi fazer publicidade, depois
mudou para jornalismo.
Sabendo pelo problema
que passava, insistiu naquele jornal por meses até que resolveram
contratar meus serviços. Tive cinco promoções em pouco tempo,
tornando-me coordenador naquele periódico e assim líder dele.
A cada promoção ele
comemorava como se aquilo estivesse acontecendo com ele, que ainda
era um estudante.
Três anos se passaram
e acabou vencido por um câncer, quando ainda tinha pouco mais de
vinte anos, no último ano da faculdade de jornalismo.
Aquele dia foi uma
tristeza muito grande na rede de jornais que trabalhávamos, foi tudo
muito rápido, aproximadamente dois meses da descoberta a seu
falecimento.
Muitas vezes me pego
pensando nele. Até hoje trabalho em um jornal, mas nunca poderei
chegar onde o rapaz poderia, pois sua humildade cativava mais do que
meus textos.
Anderson Caum
Comentários
Postar um comentário